Mudanças entre as edições de "Rita Lobato Velho Lopes"

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Edição das 22h46min de 9 de janeiro de 2018

Controle:: 732

Foto::

Legenda::

Nome:: Rita Lobato Velho Lopes

Outros Nomes::

Nome do Pai:: Francisco Lobato Lopes

Nome da Mãe:: Rita Carolina Velho Lopes

Data de Nascimento: 7 de junho de 1866

Cidade de Nascimento:: São Pedro do Rio Grande

Estado de Nascimento::

País de Nascimento:: Brasil

Data do Óbito:: 6 de janeiro de 1954)

Cidade do Óbito:: Rio Pardo

Estado do Óbito::

País do Óbito:: Brasil

Última Formação Acadêmica / Especialização::

Última Instituição Acadêmica da Formação:: Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia

Data de Conclusão:: 1887

Biografia:: [[Biog::Diplomada pela Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia. Freqüentou o curso secundário em Pelotas e demonstrou, desde cedo, vocação para a Medicina. Mas, apesar de um decreto imperial de 1879 autorizar às mulheres a frequentar os cursos das faculdades e obter um título acadêmico, os preconceitos da época, que relegavam às mulheres a uma função doméstica, falavam mais forte.Rita matriculou-se inicialmente na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, transferindo-se depois para a Faculdade de Medicina de Salvador, na Bahia. Determinada em obter o título de médica, venceu a hostilidade inicial dos colegas e professores, conquistando aos poucos sua simpatia, até receber do corpo docente da tradicional faculdade baiana as maiores considerações.Em 1887, tornou-se a primeira mulher brasileira e a segunda latino-americana a obter diploma de médica, após defender tese sobre A operação cesariana.Após a formatura, retornou ao Rio Grande do Sul, onde casou com Antônio Maria Amaro Freitas, com quem teve uma única filha, Isis.Clinicou em Porto Alegre durante algum tempo, mas acabou por se radicar em Rio Pardo, onde exerceu a profissão de 1910 a 1925.Foi eleita vereadora pelo Partido Libertador em 1935 e exerceu seu mandato até a implantação do Estado Novo em 1937, que fechou as câmaras municipais. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rita_Lobato . Acessado em: 24 de fevereiro de 2009. Ao abrirem-se as portas das Faculdades, várias províncias apresentaram candidatas ao curso médico, como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro. A mulher conquistara um espaço, e a Medicina, antes profissão exclusiva dos homens, estava agora ao alcance da mulher.No Sul, candidatou-se Rita Lobato Velho Lopes. Ela nasceu prematura, aos sete meses, na rua Zaloni, em frente à Praça Parobé, mas algumas semanas depois, foi levada para a Estância de Santa Izabel, próxima a Pelotas, onde o pai dedicava-se ao comércio do charque. Os pais, transferiram-se para Pelotas, quando Rita contava 9 anos de idade onde ela freqüentou vários colégios, com invulgar brilhantismo sempre respeitada e elogiada por colegas e professores.Rita conheceu Antonio Maria Amaro de Freitas, primo distante, aos onze anos de idade, em Pelotas. Ele nascera em 10 de janeiro de 1861, na Estância Passo de Areia, município de Herval do Sul, RS, e aos sete anos de idade perdera o pai, o capitão José Luiz Amaro de Freitas1, herói morto na batalha do Avaí2, durante a Guerra do Paraguai. Ele seria o eterno namorado.A jovem encontrava-se em Porto Alegre, em 3 de junho de 1883, estudando para os exames preparatórios, quando recebeu a notícia da morte da sua mãe que a consternou. Lembrou-se do que ela sempre lhe solicitara: Minha filha, se fores médica algum dia, pratica sempre a caridade (Apud. SILVA, p. 111). Nunca esqueceu o pedido e, anos depois, ao clinicar, atendeu e auxiliou aos necessitados. A perda de Rita Carolina fortaleceu a decisão de ser médica.A família decidiu mudar-se para o Rio de Janeiro. No dia 31 do mesmo mês de março, sem perder tempo, pouco depois da chegada à cidade Rita inscreveu-se no curso de Medicina. Ela receava o acolhimento dos colegas, pois era recente o convívio com as jovens estudantes, mas surpreendeu-se com a amizade recebida. Concluiu a primeira etapa com brilhantismo, obtendo nota plena que significava grau elevado nas disciplinas. Mas, ao término do primeiro do ano, um incidente mudaria os planos. Promulgada a Reforma Felipe Franco de Sá3, através do Decreto nº 9311, em 25 de outubro de 1884, alterando os Estatutos das Faculdades, muitos alunos rebelaram-se.O protesto dos estudantes, que a consideravam rígida, criou problemas com alguns mestres. Entre os alunos encontrava-se Antonio Lobato, um dos irmãos de Rita que estudava na mesma faculdade. Impetuoso, antagonizou-se com os professores. Acreditando que os filhos seriam vítimas de alguma vingança ou represália na Faculdade, pela atitude de Antonio, o pai preferiu, por imprudência, mudar-se com a família. Assim, em maio de 1885, embarcaram no navio Ceará, rumo à Bahia, chegando em Salvador em meados do mesmo mês, e Rita em Salvador, com a documentação exigida pelos novos estatutos, iniciou o segundo ano médico. Primeira mulher a inscrever-se na Faculdade de Medicina da Bahia, foi acolhida amigavelmente pelos mestres e alunos, o que confirmou anos mais tarde: Fui recebida pelos acadêmicos da Bahia com carinho e admiração. (REVISTA DO GLOBO, 15 de abril de 1950).A Reforma Felipe Franco de Sá permitira aos alunos a antecipação dos exames, e Rita, desejosa de formar-se, estudava sem interrupção para alcançar o objetivo: O aluno poderá requerer a inscrição de exame para uma ou mais séries ou para qualquer matéria da mesma série, mas não será admitido a prestar exame de qualquer matéria de uma série sem ter sido aprovado em todas as matérias da série anterior. (Reforma 1884, artigo 396 – ATOS DO PODER EXECUTIVO, p. 531) Determinada em seus propósitos, com admirável memória, ouvia atentamente os mestres durante as aulas sem fazer anotações, resumia posteriormente o que aprendera, lembrando-se das minúcias, o que surpreendia os colegas.Em 19 de março de 1887. Dedicando-se aos estudos em dois meses e meio, preparou-se para a penúltima fase prestou os exames e obteve notas plenas. Os certificados comprovavam a dedicação.Faltava a última etapa; seria um desafio, pois além das cadeiras de História da Medicina, Higiene, Toxicologia e Medicina Legal, enfrentaria mais sete cadeiras clínicas e a tese exigida. Determinada, inscreveu-se em agosto na 6ª série Médica. As provas iniciaram-se em outubro e, uma semana depois, a jovem gaúcha concluía os exames com notas máximas. A tese, cujo tema: Paralelo Entre os Métodos Preconizados na Operação Cesareana, considerada ousada para a época, surpreendeu mestres e colegas, e seria a primeira defesa realizada por uma mulher na Faculdade.Aproximadamente às nove horas do dia 24 de novembro, em companhia do pai e irmãos, ela chegou à Faculdade. Sucederam-se os questionamentos, e, ao lhe concederem o direito às respostas, defendeu-se com clareza, empolgando a assistência. Aprovada com distinção, a merecida vitória arrebatou professores, alunos e sobretudo o emocionado pai.Rita esperou com ansiedade pela formatura, marcada para o dia dez de dezembro de 1887. Cedo, convidados, professores, diplomandos e famílias chegaram ao recinto. A cerimônia, iniciada às 9 horas com a celebração da missa solene, continuou no Salão Nobre da Faculdade, onde a Banda do 16º Batalhão de Infantaria saudou os doutorandos. Expressando no sorriso e nos olhos azuis a alegria da árdua vitória, ao ser chamada aproximou-se para o juramento. Ajoelhou-se, colocou a mão no Livro dos Santos Evangelhos e fez o voto. O Diretor, entregando-lhe um exemplar de Hipócrates disse-lhe: Lede e meditai as obras do pai da medicina. Regule-se a vossa vida pela dele e os homens cobrirão de benção o vosso nome. E colocando o anel em seu dedo, continuou: Recebei este anel como símbolo do grau que vos confiro; podeis praticar a medicina. O sacrifício não fora em vão: Rita Lobato era a primeira médica formada no Brasil. Terminadas as festividades, Rita e o pai seguiriam viagem para o Rio Grande do Sul. Em vinte de dezembro de 1887, à bordo do navio alemão Kronprinz Fried Wilhelm, Rita deixou Salvador, cidade que durante alguns anos a acolheu carinhosamente e que jamais esqueceria, o que provou em carta datada de primeiro de julho de 1949 enviada à Alberto Silva: Até hoje, já nos meus 82 anos de idade, não esqueço a Bahia, os saudosos tempos da minha mocidade, os professores, colegas e todas as relações que deixei nessa boa terra. (ARQUIVO Particular do Dr. Alberto Silva).Ao chegar no Rio Grande do Sul dirigiu-se a Rio Pardo, onde encontrou-se com Antonio Maria e constatou, feliz, que ele a esperava impaciente. Unidos outra vez, confirmaram o sentimento que os ligara desde a infância. O reencontro avivara o afeto antigo e, em 18 de julho de 1889, casaram-se na Estância Santa Vitória. Em 26 de outubro de 1890, o casal comemorou o nascimento de Isis, a única filha que tiveram. No ano seguinte, adquiriram a Estância de Capivari, localizada no 5º Distrito de Rio Pardo, onde passaram a residir.No início de 1910, cansada da vida rotineira, Rita resolveu estudar e atualizar-se. Partiu em abril para a Argentina e durante cinco meses residiu em Buenos Aires onde assistiu a conferências médicas, freqüentou cursos e fez estágios em hospitais.Em setembro, quando retornou ao Rio Grande do Sul, instalou-se novamente na Estância de Capivari, dedicando-se exclusivamente aos doentes que a procuravam. Muitas vezes em noite escura, por caminhos inundados, perigosos, cavalgando só ou conduzida por algum empregado, Rita cumpria o sagrado juramento de Hipócrates, atendendo sem distinção, apenas preocupada em curar, aliviar e confortar os necessitados: Como médica durante muitos anos cliniquei [...] cavalgando pelas coxilhas, afrontando as intempéries, levando conforto desde o lar do mais rico até o rancho do mais pobre. [...] Conhecendo as necessidades do distrito que por largos anos atendi no exercício da minha profissão senti impressões muito comoventes, acompanhando o povo nas suas alternativas de dor e de prazer. (REVISTA DO GLOBO, 15 de abril de 1950) Sentindo-se cansada, em 1925, depois de haver se dedicado ao atendimento da clínica domiciliar por 15 anos, doou o material cirúrgico que possuía à Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e encerrou suas atividades: Minha carreira achei muito penosa e sacrificada para uma senhora. (Correspondência particular de Alberto Silva).No dia 20 de setembro,um rude golpe enlutou a família com a morte de Antonio Maria, aos sessenta e cinco anos de idade. Morria o primeiro namorado e único companheiro de Rita, deixando uma imensa lacuna em sua existência. Ela abrandou a falta de Antonio Maria ocupando-se com outra atividade. Havia algum tempo que acompanhava o pioneirismo das líderes feministas, que lutavam pelos direitos políticos da mulher brasileira. Entusiasmada com o avanço feminino, aos 67 anos Rita resolveu abraçar a política, filiando-se ao P.L., Partido Libertador, embora prestigiasse a monarquia. Em 21 de agosto de 1934, obtendo o título de eleitora, candidatou-se e elegeu-se primeira vereadora de Rio Pardo, iniciando o mandato como comprovam os documentos do Arquivo Municipal. Mas, em 1937, o golpe do Governo Getulista transformou o regime do país numa ditadura e interrompeu o seu mandato; apesar de não mais se candidatar manteve a atuação na política.Aos 80 anos, Rita moderou os hábitos, e geralmente, em sua residência, ouvia rádio, única distração, mantendo-se atenta aos acontecimentos e à política do país. Era entusiasmada pelo futebol e torcia pelo Clube Internacional. Lúcida, de temperamento alegre e contagiante, divertia-se escutando e contando estórias pitorescas.No ano de 1950, com 84 anos, recebeu inúmeras homenagens realizadas por seus admiradores. Apesar da idade avançada compareceu às solenidades sensibilizada.Nos últimos meses, acamada, ouvindo e enxergando mal, ainda relembrava com freqüência a juventude, a infância, o namoro com Antonio Maria, o primeiro ano de Faculdade no Rio de Janeiro, à chegada à Bahia, o pai, os irmãos e os amigos. Disponível em: http://www.sbhm.org.br/index.asp?p=medicos_view&codigo=203 . Acessado em: 24 de fevereiro de 2009.]]

Produções Culturais::

Instituições de Custódia (Mantenedoras do Acervo):: Documentos referentes à vida acadêmica no período do curso de Medicina.

Observações:: Link que solicita consulta e sugestões acerca das informações do levantamento publicado pela Faculdade de Medicina da Bahia, UFBA:http://www.fameb.ufba.br/index.php?option=com_content&view=article&id=136:lista-de-formados-consultas-e-sugestoes&catid=58:noticiascompletas&Itemid=157Acesso em 03 de março de 2009.

Fontes de Pesquisa:: Levantamento nominal dos formados de 1812 a 2008 da Faculdade de Medicina da Bahia - UFBA. http://www.fameb.ufba.br/dmdocuments/formadosfmb1812a2007.pdf Acesso em 03 de março de 2009.

Sumário: Rita Lobato Velho Lopes