Mudanças entre as edições de "José Leite de Vasconcelos"
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Edição das 08h13min de 9 de janeiro de 2018
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Legenda::
Nome:: José Leite de Vasconcelos
Outros Nomes::
Nome do Pai:: José Leite Pereira de Melo
Nome da Mãe:: Maria Henriqueta Leite de Vasconcelos
Data de Nascimento: 07.07.1858
Cidade de Nascimento:: Ucanha - Mondim da Beira
Estado de Nascimento::
País de Nascimento:: Portugal
Data do Óbito:: 17.05.1941
Cidade do Óbito:: Lisboa
Estado do Óbito::
País do Óbito:: Portugal
Última Formação Acadêmica / Especialização::
Última Instituição Acadêmica da Formação:: Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Museu Naiconal de Arquelogia - Lisboa
Data de Conclusão:: 1886
Biografia:: Aluno da Escola Médico-cirúrgica do Porto e professor da Faculdade de Medicina de Lisboa.Cresceu na zona, "de prestigiosas velharias e usanças arcaicas", do mosteiro cisterciense de S. João de Tarouca, isto é entre a vila de Ucanha, Mondim da Beira, Salzedas, onde um padre o iniciou em latim e um tio em francês; "já nesse tempo se manifesta o traço que havia de fazer dele o maior registador de coisas populares: sem saber ao certo para quê, ia apontando em caderninhos o que ouvia ou perguntava". Falida a família, aos dezoito anos foi para o Porto como amanuense em liceu e, ao mesmo tempo, continuar os estudos. Aí, em 1886, se licenciaria na Escola Médico-Cirúrgica, mas só exerceu a nova profissão um ano, o de 1887, no Cadaval. Na verdade, a própria tese de licenciatura, Evolução da linguagem (1886), se focava já nos interesses de letras que ocuparam a sua longa vida. Também é verdade que as ciências exactas contaminam o estilo investigativo de Leite de Vasconcelos, seja na filologia, seja na arqueologia ou na etnografia, todas disciplinas em que ficaria como referência. Os seus trabalhos privilegiam o severo escrutínio de fontes e o arquivo de dados, obtidos ora em digressões pelo país, ora até por simples contacto informal com quem se ia cruzando mesmo em Lisboa; e a fornecida biblioteca pessoal, depois legada à Faculdade de Letras de Lisboa, lhe economizava o tempo, para a obra a fazer sempre precioso.Doutorou-se na Universidade de Paris, com Esquisse d'une dialectologie portugaise (1901; reeditado em 1970 e 1987), a primeira grande síntese da diatopia do português (a que só quase meio século depois sucederiam as investigações de Manuel de Paiva Boléo; e, em fase posterior ainda, as de Luís Lindley Cintra). Chegou a professor do ensino superior apenas em 1911, quando o Curso Superior de Letras se transformava em Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Mas já antes leccionara na Biblioteca Nacional, onde era conservador desde 1887, Numismática e Filologia Portuguesa. Desses tempos são as Lições de Philologia Portuguesa (1911; 2.ª edição, 1926) e a antologia de Textos Archaicos (1903; 3.ª edição, 1922-23). Exerceu também no Liceu de Lisboa, mas a actividade docente não foi nunca o seu terreno preferido, e, diz-nos Orlando Ribeiro, lamentaria "o tempo perdido na tarefa inglória de ensinar meninos". Os biógrafos de Leite aludem a algumas idiossincrasias: a quase sovinice ("Olhe que a tinta é cara"), a férrea disciplina de vida que a investigação unicamente polarizava ("Que tempo que se perde: é um lenço, lavar as mãos, vestir-me, despir-me"), o afecto aos gatos("Tenho-lhes tanta amizade como se fosse a pessoas. Não lhes devia ter, mas...").Maria Ana Ramos, em artigo em que compara Leite e Carolina Michaëlis de Vasconcelos ("Palavras entre filólogos: uma carta de Leite de Vasconcellos a Carolina Michaëlis", Estudos Portugueses. Homenagem a Luciana Stegagno Picchio, 1991, pp. 143-158), contrasta o zelo de perfeição que Dona Carolina punha no que intentava dar à estampa com certa sofreguidão de publicar, até por vontade de marcar primazias de autoria, que teria algum tanto condicionado a dispersão da obra do Doutor Leite. A bibliografia coligida por Isabel Vilares Cepeda (José Leite de Vasconcellos, Livro do Centenário, Imprensa Nacional, 1960, pp. 139-269) é portanto instrumento indispensável a quem pretenda ter uma ideia da mole de trabalhos de José Leite, entre os quais, diga-se, difícil será escolher obras matrizes. Talvez que o prototipo da sua produção escrita afinal seja a Revista Lusitana (1ª série: 1887-1943, 39 volumes), que fundou, dirigiu e semeou de artículos, notas,recensões, necrológios, ainda hoje de obrigatória consulta. Outra das revistas por si fundadas se deve lembrar: O archeologo português, 1895-1931 (1ª série), órgão do Museu Etnológico (mais uma criação sua, de que são hoje continuadores o Museu de Arqueologia, nos Jerónimos, e o Museu de Etnologia, no Restelo). No campo que aqui mais interessa, o dos estudos linguísticos, para além do que se foi citando, destaquem-se: a separata com a edição do Livro de Esopo (1906); a fundadora obra sobre o onomástico português que é a Antroponímia Portuguesa (1928); os volumes1, 2, 3, 4, 6 de Opúsculos (1928, 1928, 1929, 1931, 1988); os trabalhos sobre o mirandês (O Dialecto Mirandez, 1882, com que se estreou em filologia, dedicado ao "senhor F. Adolpho Coelho" e logo premiado; os dois volumes dos Estudos de Filologia Mirandesa, 1900-1901, reeditado o primeiro volume em 1992).E, entre muitos outros ensaios de índole biobibliográfica, citaremos O Doutor Storck e a litteratura portuguesa, 1910, o opúsculo A philologia portuguesa (A proposito da reforma do Curso Superior de Lettras de Lisboa), 1888, que bem podia servir de introdução a estas biografias de linguistas (para não mencionar os artigos em que se deteve nas figuras de filólogos seus contemporâneos, como Epifânio, Carolina Michaëlis, Júlio Moreira, Gonçalves Viana, Óscar Nobiling, Adolfo Mussafia, etc.). Na referida miscelânea à memória de Leite de Vasconcelos aquando do centenário, leiam-se as memórias por Manuel Viegas Guerreiro, Orlando Ribeiro, discípulos do mestre.http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biografias/jlvasconcelos.htmlJosé Leite de Vasconcelos (7 de Julho de 1858), fundador e primeiro director do actualMuseu Nacional de Arqueologia, ao tempo designado por Museu EtnográficoPortuguês, constitui um dos principais vultos da Cultura Portuguesa dos séculos XIX eXX. A importância e diversidade da sua obra encontram-se bem patentes nos diversosvolumes e sessões de homenagem que lhe foram dedicados, em vida e de depois dasua morte, em 1941, com 82 anos de idade uma obra que abrange praticamentetodos os campos em que poderia ser abordado o estudo do Homem Português, tantodo passado como do presente e especialmente na sua vertente popular: Filologia eLinguística, Literatura, Etnografia, Numismática, Arqueologia, etc.Uma das suas primeiras publicações, em 1881, ainda como estudante do ensinosecundário na cidade doo Porto, apontava já o longo e fecundo percurso que iriatrilhar: Tradições Populares Portuguesas. Pouco depois, já como estudante deMedicina na mesma cidade (cujo curso viria a concluir em 1886, com uma tese sobreA Evolução da Linguagem) e talvez influenciado pelas discussões havidas nochamado Congresso de Lisboa, de 1880, acrescentava ao presente a dimensão dopassado que sempre o acompanhou, dando à estampa um opúsculo intituladoPortugal Prehistórico.Nestas obras encontra-se a base da radical originalidade da visão leiteana: a dajunção do passado ao presente, na convicção de que, naquilo que somos, nosencontramos irredutivelmente ligados àquilo que fomos. Leite de Vasconcelos haveriade o enfatizar mais tarde, sucessivamente. Na sua História do Museu EtnográficoPortuguês (1893-1914), 1915, afirma a dado passo: achamo-nos assimindossuluvelmente ligados ao passado. Estudando este, prestamos pois culto aosvenerandos velhos que nos legárão a herança que usufruimos pág. 76.Depois de concluídos os estudos no Porto, Leite de Vasconcelos começou porexercer, em 1885, o cargo do Delegado de Saúde na vila do Cadaval, onde aliás viriaa realizar importantes descobertas arqueológicas, como a do Castro de Pragança. Foibreve, porém, ser exercício médico. Em 1887, era nomeado conservador da BibliotecaNacional de Lisboa e em 1889 fundava a Revista Lusitana, dando assim sequência,em melhores condições profissionais, aos estudos sobre a Cultura Portuguesa.Com acriação da Faculdade de Letras de Lisboa, em 1911, é nomeado professor dascadeiras de Língua e Literatura Latina, Literatura Francesa (época medieval, gramáticacomparativa das línguas românicas).Nos anos seguintes, Leite de Vasconcelos atinge o que se pode considerar o apogeuda sua obra: a criação do Museu Etnográfico Português, em 1893, o lançamento darevista O Arqueólogo Português, em 1895, e o início da publicação da sua principalobra, As Religiões da Lusitânia, em 1897 (obra de que o terceiro e último volumeapenas foi publicado em 1913). Leite de Vasconcelos compilou a secção etnográficado Museu, no «Boletim de Etnografia» (1920- 1937; 5 volumes).Merecem especial referência os termos em que Mestre Leite (como ficou conhecidopelos seus discípulos e ainda hoje é carinhosamente tratado por muitos dos que sededicam aos estudos etnográficos e arqueológicos) se referia ao seu Museu: omuseu, pois, ethnographico, postoque para mais não sirva, serve para educar opúblico, levando-o a conhecer e amar a patria pág.17No campo da Filologia, destacamos «Antroponímia Portuguesa»(1928). Quanto aosestudos então designados de Etnografia Comparativa, publicou sucessivamente«Signum Salomonis», «A Barba em Portugal» e «A Figa», respectivamente em 1918,1925 e 1926.Nas suas numerosas deslocações pelo País (alguns dos títulos dos seus livros dãobem conta desta situação: De Terra em Terra (compilação de artigos já publicados e,referentes a excursões arqueológicas e etnográficas que realizou pelo país), «Mês deSonho» (visita ao arquipélago dos Açores, no ano de 1924) ou De Campolide aMelrose) e no estrangeiro (em 1909, por exemplo, participava no famoso Congressodo Cairo, de que foi presidente da 1ª Secção (Arqueologia Prehistórica) e, de ondetrouxe algumas das antiguidades egípcias que ainda hoje se conservam na respectivaexposição, no Museu), Leite de Vasconcellos teceu uma sólida teia de contactos,granjeando a admiração e simpatia de centenas, ou até milhares, de pessoas, desdeos mais humildes camponeses da Ilha do Corvo, até aos mais conceituados vultos dainteligentzia europeia. Muitos deles tornaram-se também seus correspondentes, dandoorigem ao maior epistolário de autor português jamais conhecido, publicado em 1999pelo Museu Nacional de Arqueologia: uma colecção de 24289 espécimes epistolares,provenientes de 3727 correspondentes.Na área relativa à Literatura foram publicados, após a sua morte, «Romanceiroportuguês» (1958-1960), «Teatro Popular Português» (1974-1979).Não se pense, porém, que com a maior concentração na edificação do Museu e noscorrelativos estudos arqueológicos e etnográficos, Leite de Vasconcelos abandonou,ou sequer diminuiu, a sua original, e quase se diria enciclopédica, perspectiva globaldo entendimento da Cultura Portuguesa. Prova disso são os seus estudos capitaissobre Filologia, datados dos inícios do século XX: a tese de doutoramento, quedefendeu em 1901, em Paris, sob o título Esquisse dune dialectologie portugaise, aFilologia Mirandesa (ano 1899) e, mais tarde, a Filologia Barranquenha (ano 1955).Com a sua aposentação do cargo de Director do Museu, em 1929, Leite deVasconcelos pôde ainda lançar, finalmente, as bases do seu último grande projecto: aEtnografia Portuguesa, cuja publicação em dez volumes abarca aspectosintimamente ligados ao Povo Português, desde a ocupação do território e a vidamaterial, até às superstições, e à religiosidade, num ambicioso projecto que em que oobjectivo continuava a ser, como desde o início, o Todo do Homem Português.Sugestões de leitura (homenagens e biografias):José Leite de Vasconcellos, livro do centenário (1858-1958), edição (1960), Faculdadede Letras Universidade de Lisboa. Imprensa Nacional Lisboa. Miscelânea etc.http://www.mnarqueologia-ipmuseus.pt/documentos/biografia_leite_vasconcelos.pdf
Produções Culturais:: O Dialecto Mirandês, 1882, Religiões da Lusitânia, 1897-1913, em três volumes, Estudos de Filologia Mirandesa, 1911, Opúsculos, 1928-1929, em quatro volumes, Etnologia Portuguesa, 1933-????, em oito volumes, Romanceiro Português, 1958, em dois volumes, e Contos Populares e Lendas, 1964, em dois volumes.Tese de licenciatura: A Evolução da Linguagem, 1886. Tipografia Ocidental. Porto; -Portugal Prehistórico,(1885)l David Corazzi Lisboa; História do Museu Etnológico Português, 1915 Imprensa Nacional Lisboa.
Instituições de Custódia (Mantenedoras do Acervo):: Disponibiliza os seguintes documentos: dissertação inaugural defendida na escola do Porto, A evolução da linguagem: ensaio antropológico, Porto, 1886; A figa: estudo de etnografia comparativa, precedida de algumas palavras a respeito do sobrenatural na Medicina popular portuguesa, Porto, 1925; Esquisse d' une dialectologie portugaise; these pour le doctorat de l'Université de Paris (Faculté de Letres), 1901; trabalhos literários de José Leite Vasconcelos: livros-folhetos-revistas:1879-1923, Lisboa,1924; Ensaios ethnográficos em três volumes, Lisboa,1906; Perneta: discussão filológica, Viana do Castelo,1919; O Doutor Storck e a Literatura portuguesa: estudo histórico-bibliográfico, Lisboa, 1910; Epiphanio Dias: sua vida e labor scientífico, Lisboa,1922; Antroponímia portuguesa, Lisboa, 1928; Dicionário da Chrorographia de Portugal, Porto, 1884; Lições de Philologia portuguesa: dadas na Biblioteca Nacional de Lisboa, Lisboa,1911; A Barba em Portugal: estudo de Etnografia comparativa, Lisboa, 1925; Riba D' Ave: estudo toponímico, Coimbra, 1923; Dialectos beirões, Porto,1884; De terra em terra: excursões arqueológico-etnográficas, Lisboa, 1927; Gil Vicente e a linguagem popular, Lisboa, 1902; Miscelânia científica e literária dedicada ao Doutor J. Leite de Vasconcelos, Coimbra, 1934; O Dr. José Leite de Vasconcelos: elementos para o estudo da sua vida e obra, Jaime Lopes Dias, Lisboa, 1958.Doutor Leite de Vasconcelos, deixou em testamento ao MNA, parte do seu espólio científico e literário, que constitui o mais prestigioso legado existente no acervo documental da biblioteca. Este fundo bibliográfico é formado pela livraria pessoal de J.L.V., correspondência, apontamentos e documentação que utilizou na elaboração dos seus numerosos trabalhos científicos. Em 1998, foi publicado o inventário da correspondência de Leite Vasconcelos, com cerca de 3700 correspondentes e 24300 espécies. A consulta desta documentação reservada é restrita a investigadores, mediante pedido por escrito dirigido ao Director.http://www.mnarqueologia-ipmuseus.pt/?a=6&x=3
Observações::
Fontes de Pesquisa::
Sumário: José Leite de Vasconcelos