Mudanças entre as edições de "Abel de Lima Salazar"

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Edição atual tal como às 21h29min de 13 de setembro de 2023

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Controle:: 4

Foto::

Legenda::

Nome:: Abel de Lima Salazar

Outros Nomes:: Abel Salazar. Roderico Simplício (pseud.)

Nome do Pai:: Adolfo Barroso Pereira Salazar

Nome da Mãe:: Adelaide da Luz Silva Lima Salazar

Data de Nascimento: 1889/07/19

Cidade de Nascimento:: Guimarães

Estado de Nascimento::

País de Nascimento:: Portugal

Data do Óbito:: 1946/12/29

Cidade do Óbito:: Lisboa

Estado do Óbito::

País do Óbito:: Portugal

Última Formação Acadêmica / Especialização:: Professor catedrático de histologia e embriologia

Última Instituição Acadêmica da Formação:: Faculdade de Medicina do Porto - FMP

Data de Conclusão:: 1915/12/31

Biografia:: Médico e cientista de renome internacional, escritor, pedagogo, artista, prosador, crítico de arte, filósofo, criador e divulgador de doutrinas e ideias progressivas. Abel Salazar foi um homem completo: cientista, pintor e professor universitário. Formou-se em Medicina com 20 valores. Além de professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, foi director do Instituto de Histologia e Embriologia, onde fez um valioso trabalho de investigação relativo à estrutura e evolução do ovário. Opositor convicto do regime de Salazar - em 1932 inicia uma activa campanha de educação da mocidade sob a égide de várias associações estudantis republicanas e anti-salazaristas -, em 1935 foi demitido de todos os seus cargos. Passou a dedicar mais tempo à pintura - já em 1915 tinha participado, no Porto, na Exposição dos Humoristas e Modernistas. Apesar de ser um pintor em "part-time", a sua obra é marcante. José-Augusto França atribui-lhe um lugar de precursor do movimento neo-realista. Abel de Lima Salazar nasceu em Guimarães a 19 de Julho de 1889 e faleceu em Lisboa a 29 de Dezembro de 1946. Filho mais velho de Adolfo Barroso Pereira Salazar e Adelaide da Luz Silva Lima Salazar. Seu pai foi, em Guimarães, secretário e bibliotecário da Sociedade Martins Sarmento, professor de francês na Escola Industrial Francisco da Holanda e escrevia para a “Revista de Guimarães. A eliminação da disciplina de francês dos currículos escolares em Guimarães parece ter sido a causa principal da sua vinda para o Porto. Abel Salazar completa naquela cidade, a escola primária e parte do liceu até 1903, altura em que ingressa no Liceu Central do Porto, em S. Bento da Vitória onde conclui a 7ª classe de ciências. Aqui, com um pequeno grupo de companheiros publica um jornal escolar republicano (o Arquivo) reflectindo já quer o interesse pelos novos ideais políticos quer as suas precoces aptidões para a arte, através de caricaturas de estudantes e professores. Em 1909 ingressa na Escola Médico-Cirúrgica do Porto e em 1915 concluiu o seu curso de Medicina e apresenta a tese inaugural “Ensaio de Psicologia Filosófica” classificada com 20 valores. Logo no começo da carreira se preocupou com a indagação do significado psicológico e filosófico do seu trabalho. Se o trabalho de 1915, se enquadrava nas preocupações da época, já o de “A Orientação Filosófica da Histologia Moderna ” de 1917, contrastava com o seco morfologismo e o monismo positivista tradicional dos seus colegas da especialidade (Barahona Fernandes). Em 1918, com apenas 30 anos de idade, Abel Salazar é nomeado Professor Catedrático de Histologia e Embriologia. Nesse ano funda e dirige o Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina do Porto, um modesto centro de estudos, onde apesar da falta de recursos financeiros, Abel Salazar consegue realizar uma série de notáveis trabalhos de investigação. A par de uma orientação pedagógica inovadora no contexto da época, entendendo a actividade docente como uma investigação colectiva e a si próprio como um companheiro de trabalho, privilegiando o confronto de ideias, dando liberdade aos alunos de aparecerem nas horas que mais lhes conviessem, lançando a ideia de os alunos designarem representantes para fazerem parte do júri de exames. Como investigador, empreende uma série de pesquisas tendentes a definir, a esclarecer a estrutura e evolução do ovário, criando o célebre método de coloração tano-férrico, de análise microscópica, que lhe abre caminhos no meio científico (Método Tano-férrico de Salazar). Entre 1919 e 1925 o seu trabalho torna-se internacionalmente conhecido e publicado em várias revistas científicas internacionais. Participa em numerosos congressos no estrangeiro. Fundou com Athias e Celestino da Costa, os Arquivos Portugueses de Ciências Biológicas, dos quais é um dos directores. Em 1921, casa-se com Zélia de Barros de quem não teve filhos. Ao fim de 10 anos de trabalho profícuo em condições adversas como vem proclamando sistematicamente, Abel Salazar sofre um esgotamento e interrompe a sua actividade durante quatro anos para se tratar. De regresso à Faculdade em 1931, cheio de projectos, encontra o seu gabinete desmantelado. Em 1935, é afastado da sua cátedra e do seu laboratório, sem mesmo poder frequentar a biblioteca, nem ausentar-se do País (Portaria de 5 de Junho) em que foram expulsos também outros professores universitários, como Aurélio Quintanilha, Manuel Rodrigues Lapa, Sílvio Lima e Norton de Matos, etc. No seu curriculum escreve: Além dos trabalhos científicos fiz na Universidade cursos sobre a Filosofia da Arte, conferências sobre a Filosofia, onde desenvolvi um sistema de Filosofia que acabo de constatar com satisfação ser bastante próximo da Escola de Viena. Foi o desenvolvimento deste sistema filosófico que, tendo desagradado à Ditadura e ao Catolicismo, foram a causa principal da minha revogação. Mas, como a ditadura não se podia basear nesta questão, ela torneou a questão, fazendo através da sua imprensa uma campanha de difamação, etc., após a qual me demitiu sem processo nem julgamento (…). Esclareço que nunca fui político, toda a minha vida me ocupei unicamente da actividade intelectual. Para Barahona Fernandes, psiquiatra e Reitor da Universidade Clássica de Lisboa, Abel Salazar “teve de passar a exercer o seu ensino, em especial cultural, fora da Faculdade, junto de pequenos grupos de discípulos e por meio de obras variadas, muitas delas dispersas em jornais mas com larga audiência do público. Além do génio artístico, como modo mais espontâneo da expressão da sua personalidade, como foi privado da disciplina da investigação sistemática no campo da histologia, sua especialidade médica, restou-lhe o estudo ávido de muitos saberes, cuja “descoberta” pessoal o empolgava e o impelia irresistível e torrencialmente à sua discussão e difusão”. ibidem … “Abel Salazar, foi um excelente professor e notável investigador da Histologia de uma Faculdade de Medicina, com as qualidades e atitude de espírito que o teriam feito um excepcional e efectivo”universitário”, se as condições sociopolíticas e culturais da época o não tivessem impedido. Quando digo “universitário”, significo o docente que não se acantona à sua especialidade, dirige a sua curiosidade para outras áreas do saber, de modo “interdisciplinar”, sabe reflectir filosoficamente sobre as ciências e a cultura e pôr todas estas actividades ao serviço dos outros, da sociedade, do progresso do País”. Entraram ainda no domínio das suas preocupações humanas e intelectuais, problemas de ordem social e filosófica, política, estética e literária. O afastamento da vida académica permite-lhe desenvolver em sua casa uma produção artística variada na temática e na expressão plástica: gravura, pintura mural, pintura a óleo de paisagens, retratos, ilustração da vida da mulher trabalhadora e da mulher parisiense, aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobres martelados. Para Amândio Silva, Director artístico da Casa-Museu durante quase 50 anos, Abel Salazar como pintor foi sempre um intérprete de uma realidade social do seu tempo. As variadas técnicas que sofregamente o vemos experimentar são umas das facetas mais notáveis do seu temperamento de artista e da sua capacidade polivalente. Reconhecido como pintor e desenhador, ele ainda tem uma pujante e qualificada obra como caricaturista, gravador, escultor e martelador de cobres, aqui também caso único entre os artistas contemporâneos. Em 1938 e 1940, efectua em Lisboa e no Porto grandes exposições individuais que provocaram admiração generalizada. Em 1941, por sugestão do Prof. Mário de Figueiredo, então Ministro da Educação Nacional, o Instituto para a Alta Cultura cria um Centro de Estudos Microscópicos, na Faculdade de Farmácia, cuja direcção é confiada a Abel Salazar. O Centro funciona sem condições materiais e financeiras, mas mesmo assim Abel Salazar continua a fazer investigação com a colaboração de Adelaide Estrada. Trabalha também, desde 1942, com o Instituto Português de Oncologia, a convite de Francisco Gentil, onde publicou vários trabalhos científicos no Arquivo de Patologia. Publica “Hematologia” em 1944. Segundo o Prof. Celestino da Costa, Abel Salazar foi um morfologista de raça e convencido da grandeza da morfologia nas ciências biológicas, ao seu serviço pôs todos os seus dotes, incluindo os artísticos. Criou uma técnica própria de desenho histológico, utilizando ousadamente o lápis, com o qual conseguiu as maravilhosas figuras dos seus trabalhos (Procédé rapide de dessin microscopique) “Homem Exemplar” segundo palavras do Prof. Alberto Saavedra, seu amigo íntimo e que entre outros lançou a iniciativa em 1946, pouco depois da morte de Abel Salazar, da criação da Fundação Abel Salazar e que permaneceu na sua direcção até 1979. O Prof. Nuno Grande salienta o divulgador do saber em que “A visão ampla das diversas disciplinas que cultivou justifica a actualidade dos conceitos que formulou. De facto, profundamente analítico quando produzia qualquer das suas criações, rapidamente procurava encontrar sínteses integradoras dos aspectos parcelares da realidade que analisava. Várias manifestações desta atitude se encontram nos estudos filosóficos da arte e da ciência que nos legou e cuja leitura revela uma universalidade de pensamento que os torna actuais e de grande pertinência”

Autoria: Maria Luísa Garcia Fernandes. Página: www.geira.pt/cmabelsalazar

Produções Culturais:: 1915 - Ensaio de Psicologia Filosófica, Porto, 1915, Edições da Faculdade de Medicina do Porto (Reeditado em 2001, Porto, Co-edição Casa-Museu Abel Salazar e Campo das Letras Editores SA) 1917 - A orientação filosófica da histologia moderna, e seus vícios Portugal Médico, 3ª Série, vol. III, pp. 1 – 49 1931 – Notas de Filosofia da Arte, curso ministrado na Faculdade de Medicina do Porto (Editado em 2000, Porto, Co-edição Casa-Museu Abel Salazar e Campo das Letras Editores SA) 1933 - A socialização da Ciência, separata do semanário académico “Liberdade, Lisboa, Editorial Liberdade 1934 - A posição actual da Ciência, da Filosofia e da Religião, separata de “A Medicina Contemporânea”, nº 8 e 9 de 25 de Fevereiro e 4 de Março e “separata” nº 43 e 44 de 28 de Outubro e 4 de Novembro, Lisboa, Imprensa Médica 1934 - Uma Primavera em Itália, Lisboa, Nunes de Carvalho Editor (Reeditado em 2003, Porto, Co-edição Casa-Museu Abel Salazar e Campo das Letras Editores SA) 1934/35 - A Ciência e o mundo actual, vol.1, Porto, Imprensa Portuguesa 1935 - Indivíduo e colectividade 1935 - Digressões em Portugal, vol. 1, Porto, Imprensa Portuguesa 1938 - Paris em 1934, Porto, Tipografia Civilização 1939 - Recordações do Minho Arcaico, Porto, Tipografia Civilização (Reeditado em 2001, Porto, Co-edição Casa-Museu Abel Salazar e Campo das Letras Editores SA) 1940 - O que é Arte? Coimbra, Arménio Amado Editor (Reeditado em 2003, Porto, Co-edição Casa-Museu Abel Salazar e Campo das Letras Editores SA) 1942 - A crise da Europa, Lisboa, Edições Cosmos 1944 - Um Estio na Alemanha, Coimbra, Editora Nobel 1947 - Henrique Pousão, Porto, Livraria Tavares Martins Colabora nos seguintes Jornais e Revistas: Afinidades, Democracia do Sul, Esfera, Foz do Guadiana, Gérmen, Ideia Livre, Liberdade, Medicina (Revista de Ciências Médicas e Humanismo), Notícias de Coimbra, O Diabo, O Distrito de Beja, O Primeiro de Janeiro, O Trabalho, Pensamento, Povo do Norte, Seara Nova, Síntese, Sol, Sol Nascente, Vida Contemporânea, Voz da Justiça. Publicou 113 trabalhos científicos nas áreas dos aparelhos de Golgi e Para Golgi, método tano-férrico, ovário, tecido conjuntivo, anatomia do cérebro, tecido celular, sangue, técnica de desenho microscópico e temas gerais.

Instituições de Custódia (Mantenedoras do Acervo):: Casa-Museu Abel Salazar : A História da Casa-Museu Abel Salazar, situada em S. Mamede de Infesta, poderá dividir-se em três períodos, atendendo às três instituições que a dirigiram, desde a sua formação. O primeiro, de 1947 a 1965, foi o período em que uma plêiade de amigos e admiradores, após a morte de Abel Salazar, continuou a enaltecer e a divulgar a sua Obra, através, nomeadamente, da tentativa de constituição de uma "Fundação Abel Salazar", que depois de muitas vicissitudes se concretizou, em 1963, como "Sociedade Divulgadora Abel Salazar", ao fim de 17 anos de persistentes esforços. O segundo, de 1965 a 1976, altura em que a Casa-Museu foi adquirida pela Fundação Calouste Gulbenkian, embora tenha continuado na sua direcção a Sociedade Divulgadora. O terceiro, de 1977 até à presente data, em que a Casa-Museu foi doada à Universidade do Porto, da qual era reitor o Prof. Ruy Luís Gomes, uma das primeiras figuras na luta pela constituição da Fundação. A missão desta consiste em promover a investigação, o estudo e a divulgação da obra científica literária, filosófica e artística de Abel Salazar. A Casa – Museu recria o ambiente onde o mestre viveu grande parte da sua vida constando do seu espólio, para além do mobiliário e objectos do seu quotidiano, diversos trabalhos de Abel Salazar, tais como desenhos (esboços, auto-retratos, caricaturas, retratos, etc., em grafite, carvão, tinta da china, pena, aguada, sépia, crayon e técnica mista); aguarelas; óleos sobre madeira, cartão e tela; esculturas (bustos, estatuetas e medalhões em gesso, barro e bronze); cobres martelados, gravuras; trabalhos de investigação científica, manuscritos, epistolário, livros, jornais, revistas e testemunhos da sua colaboração na Imprensa.

Museu Virtual Abel Salazar (http://cmas.up.pt) Museu Virtual UP (http://www.up.pt) Casa-Museu Abel Salazar (htpp://www.geira.pt/cmabelsalazar) Abel Salazar em Vidas Lusófonas (http://www.vidaslusofonas.pt/abel_salazar.htm) http://www.instituto-camoes.pt/CVC/figuras/aderitosedasnunes.html

Observações:: A Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto possui o seguinte acervo: uma medalha de 1974 do Movimento Democrático do Porto; separatas de sua autoria; da coleção obras completas de Abel Salazar, possui o volume 1 - Hematologia e volume 2 - Notas da Filosofia da Arte; tese de licenciatura de 1915, Ensaio de Psicologia Filosófica; desenhos da sua autoria em livros de Curso; na Sala do Conselho da Faculdade encontram-se vários desenhos da sua autoria; no Instituto de Anatomia um quadro da sua autoria; no Serviço de Histologia um auto-retrato. Neste portal, pode-se ler parte da vida, obra, pensamento e arquivo pessoal de um dos mais importantes médicos-escritor-escultor-artistas plásticos do século findo em Portugal e Europa.

Fontes de Pesquisa:: Casa-Museu Abel Salazar; Biblioteca da Faculdade de Medicina do Porto; Portal : http://cmas.up.pt/

Sumário: Abel de Lima Salazar