Apresentação

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Revisão de 10h40min de 18 de fevereiro de 2019 por Daniel Branco (Discussão | contribs)

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Apresentação...

A BASE DO SiS MÉDICOS E A CULTURA EM PORTUGAL E NA BAHIA

Destacar os médicos e dar ênfase à sua relação especial ou natural com a cultura e, logo aí, a escolha irrecusável: na década de oitenta, vontades isoladas, mas de ferro, como a da Professora Maria José Rabello Freitas, em pleno reitorado da Universidade Federal da Bahia, na gestão do Professor Luiz Fernando Macedo Costa, tivera início o projeto de Criação do Memorial de Medicina da Faculdade de Medicina da mencionada Universidade, período em que a Medicina e a sociedade baiana e brasileira viam renascer, do amontoado de documentos (livros, manuscritos, fotografias, ourivesarias, telas, mobiliários, entre outros bens patrimoniais do imenso arquivo da primeira instituição de ensino médico do Brasil), literalmente no chão, e na condição de escombros, passa a obter o reconhecimento de valor patrimonial e informacional do conjunto documental histórico da Medicina da Bahia, iniciativa somente possível pela capacidade de inovação e de visão de futuro, para além da acomodação de atos apenas para cumprir as rotinas profissionais e administrativas, dos professores Luiz Fernando Macedo Costa e Maria José Rabello de Freitas1 .

A partir desses episódios históricos, o grupo de pesquisa Acervos manuscriptológicos, bibliográficos, iconográficos, etnográficos: organização, preservação e interfaces das tecnologias da informação e comunicação (G-Acervos), coordenado pela Profª Drª Zeny Duarte, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informção (UFBA), abraçou a ideia de prosseguir em estudos sobre a Medicina e a Informação e incorporou no citado grupo pesquisadores, mestres, doutores, especialistas, graduandos, mestrandos, doutorandos, para atuarem em ações relacionadas à organização e preservação do acervo documental histórico da FMB.

Dentre os trabalhos desenvolvidos pelo G-Acervos, destaca-se a publicação do livro Os médicos e a cultura em Portugal e na Bahia: olhar(es) introspectivo e analítico sobre o “modo de ser e de estar” médico-cultural, de autoria conjunta dos professores doutores Armando Malheiro da Silva e Zeny Duarte. Por outro lado, o projeto Os Médicos e a Cultura em Portugal e no Brasil, Bahia, 1808-2012, alargou-se para a atualidade, por entender esta pesquisa como uma obra aberta2 , ficou de imediato, convertido em título de uma trajetória de seis anos à sua implementação e, possivelmente, sine die a duração do que daí resultasse a realização dos estudos de pós-doutorado da Profª Drª Zeny Duarte.

A inspiração, ao projeto sinalizado, foi o bicentenário da instalação, por iniciativa régia de D. João VI, primeiro da Escola Médico-Cirúrgica (18 de fevereiro de 1808) e depois a sua passagem oficial para a denominação da então Faculdade de Medicina da Bahia (3 de outubro de 1832), cabem em um só projeto e legitimam, à propósito primordial de acolher e concentrar os nomes de médicos portugueses e baianos, formados em Escolas Médicas de Portugal e da Bahia que se deixaram encantar pelos apelos sedutores das Musas... (SILVA; DUARTE, 2016).

Depois dessa breve revisão histórica, algumas peças do puzzle foram encaixadas de modo definitivo. Ficou claro que não seria intenção do projeto de pós-doutoramento da Profª Zeny Duarte, sob a orientação do Prof. Armando Malheiro da Silva, visar uma investigação sobre a acidental ou intrínseca propensão dos médicos para as letras, as artes, filosofia, política, religião, entre outras avenidas de expressão, mas reunir informação abundante passível de múltiplas e sistemáticas leituras. Uma intenção claramente determinada pelo tempo em que foi assumida – um tempo tecnológico intenso e vertiginoso em que somos impelidos pelos “cliques” velozes de dedos frenéticos em teclados vindos de paragens já não assim tão distantes da “ficção científica” (ou seja da Utopia...). Com efeito, identificar, referenciar e incluir listagens ou até quantidades ilimitadas de documentos digitalizados tornou-se inevitável no âmbito das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e, mais precisamente, na Galáxia Internet, como a designou sugestivamente o sociólogo catalão Manuel Castells (2004). Por isso, o módulo deste sistema é baseado na constituição de uma Base de Dados de médicos (escritores, artistas, músicos, políticos…) portugueses e baianos, entre 1808-2012, nasceu informático.

Destarte, surge o SiS Médicos e a Cultura em Portugal e na Bahia, potencializando efeito multiplicador de pesquisas Multi e Inter e Transdisciplinares (MIT) em nível dos pilares da academia universitária (ensino, pesquisa, extensão e inovação). Visto nessa dimensão, o SiS Médicos e a Cultura, pela profícua cooperação luso-brasileira, conveniada e cada vez mais enraizada e sólida, é socializado nas páginas da Universidade do Porto e da Universidade Federal da Bahia e podendo ultrapassar para além do Atlântico.

Vários “filões” se podem e devem explorar: desde uma abordagem mais quantitativa em que índices comparativos centrados na produção global dos médicos (abarcando todas as suas áreas de interesse), como ela é feita e comunicada, até aspectos mais qualitativos, ainda dentro desse tópico da produção global, concernentes às relações entre diversos temas/problemas abordados; cruzamento de variáveis entre os médicos portugueses e baianos quanto à respectiva produção científica e cultural (literária e artística); estabelecimento de links aos acervos arquivísticos, bibliográficos, artísticos, museológicos e documentais, de uma maneira geral, de modo a que se possam investigar e, também, propor modelos de organização informacional mais adequada aos utilizadores; proceder ainda a realização sistemática de entrevistas a médicos vivos e localização/reprodução de documentários que devem ficar associados à “ficha” do médico como fonte informacional a interpelar em múltiplas direções. Entre outras possibilidades franqueadas pela metodologia desta pesquisa, citam-se os recursos tecnológicos do SiS Médicos e a Cultura.

Após variadas explorações em estudos teórico-conceituais e sobre as renovadas aplicações tecnológicas e de inovação, os pesquisadores Daniel Branco e Eneida Baumann, estabeleceram novos horizontes aos procedimentos digitais possíveis ao compartilhamento e divulgação do SiS Médicos e a Cultura.

Neste estágio, o presente trabalho pretende abordar o estudo do acesso às informações contidas em um sistema de banco de dados denominado WEBSISMEDICOS. A função do sistema é o armazenamento de dados acerca da vida, obra, pensamento, arquivos pessoais e memórias de médicos de Portugal e do Brasil que produziram para além da Medicina, iniciando-se pela Bahia e, posteriormente, estender a captura de informação aos médicos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. O modelo segue a plataforma colaborativa Mediawiki, como espaço aberto à inserção de dados, pelos próprios médicos e pessoas afins interessadas em sua atualização on-line. Apresentamos abordagens conceituais sobre arquivos pessoais (e acervos documentais pessoais), informação, tecnologia digital, paradigma pós-custodial, interdisciplinaridade, plataforma web, plataformas colaborativas, arquitetura da informação, wikimedia. O WEBSISMEDICOS demonstrado em Mediawiki, acompanha compreensão teórica e conceitual do que se espera de uma plataforma colaborativa. Apresentamos a nova interface do WEBSISMEDICOS, com a migração do banco de dados MYSQL, chamado por código PHP em página HTML e em plataforma definitiva Mediawiki. A metodologia adota revisão de literatura e aplicação de processos experimentais. Destacamos o preenchimento de novos dados e na inclusão de médicos com a utilização de uma nova interface. A partir do atual estágio desta pesquisa, duas barreiras foram transpostas: uma a que se refere à limitação geográfica superada pela Internet; e a outra que permite a ação do usuário, de forma colaborativa, nesse caso, médicos e pessoas afins, ampliando a proposição quantitativa do preenchimento do sistema de informação de médicos e a sua fiabilidade. O acesso à informação pela Internet, ferramenta de maior pulso ao alcance do objetivo deste estudo, foi positiva pois encontramos uma proposição quantitativa de atualização do WEBSISMEDICOS, com poder ilimitado de dados e acessos capazes de superar as transposições tecnológicas desta sociedade em rede.

Trata-se aqui de uma pesquisa multiplicadora “a galinha dos ovos de ouro”, implicando em estudos com frutos contínuos, podendo estender-se à outras dimensões teórica-conceituais em dissertações de mestrado e teses de doutorado, a exemplo da dissertação de Daniel Branco (http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28546). Pesquisa somente possível de ser realizada devido ao desenvolvimento de antecedentes projetos, como é o caso do Criação do Memorial de Medicina e Os médicos e a cultura: estudo crítico e guia geral dos arquivos de médicos escritores, artistas e pensadores de Portugal e Bahia – Brasil (1808/2008). À vista disso, consolida-se a ideia da fábula de escopo “a galinha dos ovos de ouro”, visando a colaboração pró-ativa no desenvolvimento acadêmico, científico, tecnológico e cultural, legando à sociedade outros renovados estudos a partir de anteriores realizações possuidoras de ideias vanguardistas.

Não menos diferente, a plataforma digital WEBSISMEDICOS, ora apresentada ao público, possui sistema colaborativo, a permitir participação aberta e democrática de usuários na busca e acesso à informação. Além do mais, os pesquisadores dessa plataforma possuem total liberdade de, tanto realizar buscas sobre o que interessa, como também contribuir para a renovação de dados informacionais acerca de médicos que produziram para além da Medicina, tanto de Portugal quanto da Bahia.

Considerando as atividades primordiais efetuadas por esta pesquisa, envolvendo análise de versões do banco de dados e suas interfaces expostas na Internet, criação de um ambiente de colaboração visando a disseminação e democratização do acesso à informação, migração da base de dados para o novo ambiente, implementação de ferramentas auxiliares para a disseminação do WEBSISMEDICOS podemos avaliar como expressivas as exposições ora apresentadas.

A escolha e a adoção de uma nova plataforma de acesso à informação, neste caso com colaboração participativa do usuário, amplia a disseminação desta ferramenta dando oportunidade ao interessado de participar ativamente da construção deste arcabouço informacional.

A Internet sendo um recurso tecnológico de alta necessidade na sociedade moderna contribuirá de forma expressiva para a rápida disseminação do WEBSISMEDICOS e consequentemente sua proposta de acesso democrático e universal à informação.

A nova interface, mais dinâmica e clean, permite ao usuário ter acesso a ferramentas úteis para sua pesquisa, além de franquear a acessibilidade nas mais diversas plataformas de dispositivos: smartphones, tablets, netbooks, notebooks e desktops. O acesso ao sítio WEBSISMEDICOS por meio dos dispositivos mencionados dá ao usuário maior independência nos questões espaço-temporais: o acesso as informações relativas aos médicos podem ser feitas em qualquer tempo e em qualquer lugar.

Toda esta trajetória não poderia ter sido concretizada se não fosse nossa busca pelo aprofundamento teórico – conceitual sobre a área em estudo, como também a determinante participação em estudos interdisciplinares que sedimentaram nosso conhecimento em Ciência da Informação, aliado aos conhecimentos das Tecnologias da Informação e Comunicação.

A partir do atual estágio desta pesquisa, duas barreiras foram transpostas:

1ª. Barreira - refere-se à limitação geográfica superada pela Internet, que esperamos transpor ainda mais com a alcance do sítio WEBSISMEDICOS na CPLP.

2ª. Barreira – o sistema atual permite a ação do usuário, de forma colaborativa, nesse caso, médicos e pessoas afins, ampliando a proposição quantitativa do preenchimento do sistema e a sua fiabilidade, não mais dependendo da ação de um entrevistador, fazendo assim do usuário médico e pessoas afins um ator e/ou atriz social na construção deste arcabouço cultural.

Deixamos a proposta de uma maior interdisciplinaridade da CI com outras áreas, principalmente com a Ciência da Computação para a elaboração de um plano de ação com mudanças em relação a coleta de dados e especificações de campos e tipos de dados que, a partir deste estudo, alimentam o ambiente Mediawiki ao qual está inserido o projeto Médicos e a Cultura.

Como resultado, a utilização da plataforma colaborativa Mediawiki destaca-se no preenchimento de novos dados e na inclusão de médicos que ainda não estão no WEBSISMEDICOS.

Positivamente, foi encontrada uma proposição quantitativa de atualização do SiS Médicos e a Cultura, com poder ilimitado de dados e acessos capazes de superar as transposições tecnológicas desta sociedade da Internet.

O projeto é extenso e permite a MIT dos conceitos da Ciência da Informação, neste caso representada pela Arquivologia e pela Ciência da Computação na solução das questões de suporte, recuperação e universalização do acesso à informação nesta era pós-custodial.

Notas:
(1) Diretora do Memorial da Medicina da Universidade Federal da Bahia, com portaria do Reitor Luiz Fernando Macedo Costa, 1980-1981.
(2) Umberto Eco (1972) defende que os processos de leitura e interpretação não podem pressupor uma análise pré-definida e estruturada do texto. Pelo contrário, implicam uma acentuada liberdade por parte do leitor, que é também receptor, tornando-se tarefa sua extrair dele uma análise pessoal. De acordo com tal noção, a origem do termo obra aberta advém da necessidade, cada vez mais patente, de se compreender e valorizar a capacidade criativa e interpretativa que conduz, sempre que necessário, a uma reestruturação do pensamento. A primeira vez que se tomou consciência da noção de obra aberta foi no simbolismo da segunda metade do século XIX, com Verlaine. Ao contrário do que se verificava na Idade Média, marcada por um acentuado hermetismo, o que reflectia uma cosmologia amplamente hierárquica e de profunda rigidez, a noção de obra aberta defende que uma produção literária não se encontra de todo acabada em si mesma e plenamente definida enquanto estrutura finita mas, pelo contrário, possibilita diversas interpretações e reformulações. obra aberta