… Diplomado pela Faculdade de Medicina da Bahia, defendendo uma tese sobre meningite cerebroespiral epidêmica, exerceu a clínica antes de iniciar a carreira de pesquisador e professor como assistente da cátedra de Clínica Médica 1902. Realizou suas primeiras observações sobre esquistossomose, quando pioneiramente 1904, estudou no Brasil os ovos do parasita. Fez também uma completa descrição do Schistosoma mansoni causador da popular barriga em 1908, parasita que provoca no homem a esquistossomose chamada intestinal. Seguiu para a Europa 1909, a fim de estudar microbiologia no Instituto Pasteur de Paris e no Instituto de Doenças Marítimas e Tropicais de Hamburgo, Alemanha. Diplomou-se como médico colonial pela universidade da capital francesa 1911 e freqüentou o laboratório de parasitologia 1911/1912 da Faculdade de Medicina de Paris. Estudou doenças tropicais no Tropeninstitut de Hamburgo e publicou um notável trabalho descrevendo a cercaria da esquistossomose. A partir de então, ocupou o cargo de professor de história natural médica e de Parasitologia, na Faculdade de Medicina da Bahia e o de história natural no Ginásio Baiano 1914, foi símbolo de pioneirismo e qualidade na pesquisa científica no Brasil. Foi nomeado, inspetor sanitário rural 1921, por destacados serviços prestados à ciência e à cultura médica do Brasil. Entre outros feitos científicos realizados por esse cientista ao longo da sua vida, destacaram-se, além da identificação do Schistosoma mansoni ou Schistosoma americanum, a concentração da solução de tártaro emético para o tratamento da leishmaniose e do granuloma venéreo, o registro dos dois primeiros casos de blastomicose na Bahia e a descoberta do Triatoma megista, um dos transmissores da doença de Chagas. Recebeu a medalha Bernhard Nocht, do Instituto Alemão de Doenças Tropicais, de Hamburgo 1954 e dois anos depois a grã-cruz da Ordem do Mérito Médico, que lhe conferiu o presidente Juscelino Kubitschek Seminário Internacional sobre Esquistossomose, diversas atividades foram programas para comemorar o centenário da Shistosoma mansoni.A esquistossomose é uma doença crônica de evolução lenta. A fase aguda implica febre, falta de apetite, tosse, dor de cabeça, suor intenso, enjôo e diarréia com pequenas quantidades de sangue, os sintomas mais comuns. Nos casos crônicos graves, leva à hipertensão na veia porta, insuficiência hepática e tumores. O parasita foi descoberto (1851), pelo médico alemão Theodor Bilharz. No entanto, o descobridor do Schistosoma mansoni foi o cientista brasileiro Manuel Augusto Pirajá que morreu antes mesmo que fosse descoberto um medicamento para a doença. O verme causador da esquistossomose intestinal não é nativo do Brasil: chegou por aqui durante o período da escravidão, com os africanos provenientes de regiões endêmicas. Ficando nesta disciplina até a aposentadoria (1935). Em uma época em que as pesquisas científicas eram incipientes e pouco envolviam médicos brasileiros, Manuel Augusto Pirajá da Silva fez ciência abaixo da linha do Equador com observação, persistência e humildade. Por trazer no sangue sinas e glórias dos campos de batalha, alinhados com uma sólida formação humanista, era um sábio obstinado: lia, relia, checava, olhava mais uma vez, consultava especialistas, mantinha uma intensa troca de correspondências, refletia, pesquisava, examinava, voltava a campo. Qual um exímio estrategista militar cercava dúvidas. Todas as suas ações, nas pesquisas médicas ou históricas, estão baseadas numa contínua busca por um método e verdade.
ma contínua busca por um método e verdade.